01/02/15

Contendo

O lixo.
Sempre lhe parecera um destino miserável.
Sem precisar de se lembrar que é reciclável,
agora.
Toda a vida fora alguém que não se sabia usar.
Melhor, fora alguém que nunca se soube dar uso.
Acima de tudo, fora um inútil para si próprio,
assim mesmo.
Agora que se via, que se avaliava, suspendera-se,
um suspiro frio, como frio era o seu olhar.
Análise bruta, essa. Desapontamento a escorrer.
Saltou para o caixote,
caiu fora dele.

Jaime A., 50 anos, Lisboa
Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada


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