13/05/15

Cosendo a boca

Despertou com a tosse seca do marido e com o urro do elefante que, na televisão toda a noite ligada, anunciava um produto milagroso para a memória. Reviu-se naquela enormidade. Levantou-se às escuras, esbarrou na mesa, o lírio solitário da jarra e a sua fotografia enquanto jovem esbelta estatelaram-se. Lembrou-se que iria começar a caminhada para recuperar a elegância. A cirurgia bariátrica marcada para aquele dia seria o agrafador que lhe coseria a boca e a avidez. 

Ana Paula Oliveira, 54 anos, S. João da Madeira

Desafio nº 89 – hist c tosse+lírio+elefante+agrafador

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