19/08/15

Assombrações

Sempre quisera tirar a tampa desse misterioso pote poisado na janela poeirenta da velha casa. A curiosidade foi mais forte. Certa noite destapei-o.
Dele saiu uma fantasmagórica figura esbracejando no escuro frio. Numa repetição que me assustou, o fantasma, com revolta, gritou-me “Como ousaste libertar-me quando cumpro a pena merecida do meu crime!” Com espanto, vi o espectro recolher, subitamente, ao pote. Tapei-o sem hesitar. O destino cumpria-se. No silêncio, a velha casa podia voltar a adormecer.

Isabel Sousa, 63 anos, Lisboa

Desafio nº 92 – associar: frio, espanto, revolta e repetição

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