26/12/17

Madalena Cabral ― sem desafio

Mia fala do espanto, de como SER impele a pontapear a vida em frente. Encanta-me. Assim gosto de acordar. Posso até estar ramelenta, desgrenhada, olheirenta. Mas espantada por viver, por de novo o sol nascer, por poder recomeçar todas as mesmas rotinas. Ainda que contida, esquecida ou adiada, saber que vivo capaz de, apenas num instante, ir ao Japão, voltar, não passando do sofá. Parando o turbilhão de fazer, sonho intensamente a vida sem usar qualquer medida.
Madalena Cabral, 49 anos, Lisboa


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